Fundado em 2005 por petistas descontentes, o Psol se notabilizou por
suas propostas contundentes e pela pressão contra políticos denunciados
por corrupção. Com essa postura, o partido conseguiu algum sucesso em
eleições legislativas e montou bancadas pequenas, mas costumeiramente
barulhentas. Agora, em 2012, pela primeira vez, o Psol tem uma
possibilidade real de conseguir um cargo no Executivo. Edmilson
Rodrigues lidera todas as pesquisas para prefeito em Belém e pode até
vencer a disputa no primeiro turno.
Atualmente cumprindo mandato como deputado estadual, Rodrigues já foi
prefeito de Belém por oitos anos (1997-2004) quando ainda estava no PT.
Para voltar à prefeitura, Rodrigues tem tomado atitudes pouco comuns em
seu partido. O candidato teve mais de 80% da sua campanha bancada por
empresas, segundo prestação entregue à Justiça Eleitoral no começo deste
mês. Dos 476,4 mil reais arrecadados, 389,4 saíram do bolso da
iniciativa privada. Nas eleições de 2010, a maior parte das campanhas do
PSOL foi bancada por pessoas físicas, caso único entre todos as
legendas do país.
O programa do partido ainda defende o financiamento
público de campanha e critica a “troca de favores entre os políticos que
aceitam o financiamento privado das grandes empresas”. Rodrigues diz
que isso não é uma contradição. “São pequenas empresas. E fizemos
pesquisas: nenhuma companhia envolvida com qualquer maracutaia será
recebida e terá permissão para nos apoiar”, disse a CartaCapital.
O programa do PSOL também defende a anulação da dívida pública com os
bancos. O tema, central ao partido em suas campanhas ao Executivo, é
deixado de lado em Belém. Segundo Rodrigues, isso ocorre porque a dívida
pública de Belém “compromete menos o orçamento” do que em cidades como
São Paulo e Porto Alegre.
Uma vez na prefeitura, o PSOL deve se deparar com uma Câmara de
Vereadores onde terá poucos representantes. O deputado federal Ivan
Valente (SP), presidente nacional do partido, vê no passado do PT um
exemplo da possibilidade de governar sem o apoio da maioria. Ele lembra
de administrações de petistas eleitos em 1988, como Luiza Erundina em
São Paulo e Olívio Dutra em Porto Alegre. “A Erundina tinha cinco
vereadores na Câmara. Foi ameaçada de ser cassada, mas terminou o
mandato. Eles tinham uma lógica de governo que era procurar o apoio da
sociedade organizada.”
Rodrigues diz que receberá de “braços abertos” a ajuda de quem for ao
encontro a suas propostas e quiser ajudar a cidade. O Psol faz oposição
ao governo Dilma Rousseff, como fez ao de Luiz Inácio Lula da Silva,
mas o candidato tem defendido programas federais como o Minha Casa,
Minha Vida. “Quero ser prefeito de Belém, não um prefeito partidário. A
gente tem uma postura política, não é porra-louquice”, diz o candidato.
“Se o Jader Barbalho (senador do Pará alvo de uma série de denúncias),
que gosta pouco de mim, conseguir 15 milhões de emenda para Belém, vou
dizer: ‘essas emendas são oriundas de iniciativa do senador Jader
Barbalho`, porque é uma questão da nossa cidade”.
Crescimento do PSOL
O PSOL tem a perspectiva de crescer neste ano. Além do bom resultado
em Belém, o partido está conseguindo polarizar a eleição com o PMDB no
Rio de Janeiro, onde Marcelo Freixo é o segundo colocado. Em Macapá e
Fortaleza, os candidatos do partido aparecem em pesquisas com cerca de
10% dos votos. Mesmo sem chances de eleger o prefeito nessas cidades, é
um resultado expressivo para um partido que até hoje só teve sucesso no
Legislativo e chega agora a sua segunda eleição municipal.
“A eleição de 2008 foi muito difícil. As lideranças do PSOL, entre
eles vários deputados, foram obrigadas a assumir candidaturas à
prefeitura. Tínhamos uma chapa de vereadores muito frágil, era um
partido novo e com capilaridade pequena. Agora, vamos entrar no jogo
para valer”, diz Valente. O presidente do partido acredita que o partido
se beneficia de um “espaço a ser ocupado pela esquerda, um vazio
frustrante deixado pelo PT”. “Nesses anos, acho que o PSOL também
conseguiu ser uma referência ética e de mudança social.”
O presidente do partido também acredita que, além das razões para o
crescimento nacional as realidades específicas de cada um desses locais
também ajudam o partido a penetrar nessas cidades. Valente diz ser mais
difícil para o partido quebrar hegemonias em cidades como São Paulo,
“berço do PSDB e do PT”.
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