Ensinar para os filhos o valor das coisas é responsabilidade dos
pais, mas se lidar com dinheiro é complicado para adultos, passar esse
conhecimento para crianças é uma tarefa bem mais delicada.
De acordo com a especialista em educação financeira infantil, Cássia
D’Aquino, o momento certo de começar a ensinar a criança a lidar com as
finanças é anunciado pela própria, na primeira vez que pede aos pais
para lhe comprarem alguma coisa. Isso costuma acontecer por volta dos
dois anos e meio, e nesta hora, o pequeno mostra que já percebeu o que é
dinheiro, e que o dinheiro “compra” as coisas que ele pode vir a
querer.
"Momento certo de ensinar a criança a lidar com as finanças é anunciado pela própria, quando pede dinheiro aos pais"
Para Cássia, a melhor base para uma educação financeira eficiente é
aquela transmitida por meio de atitudes simples, na rotina do
relacionamento entre pais e filhos. Assim que a criança manifestar uma
noção básica em relação a dinheiro, os pais já podem, de maneira
gradual, adotar uma postura educativa.
No começo
Quando as crianças ainda são pequenas, na faixa dos três anos, os
pais precisam explicar, de maneira muito tênue, que existem coisas que
compramos porque “precisamos”, e coisas que compramos porque “queremos”.
Apresentar essas duas possibilidades chama a atenção dos pequenos para a
existência de uma diferença entre elas.
Ao levar o filho a um supermercado ou padaria, um despretensioso
comentário sobre “como a bolacha está mais cara” ou o “leite está mais
barato” também pode ajudar. A princípio a criança não vai entender, mas
vai começar a prestar atenção no significado, e mais para frente vai
entender que o uso do dinheiro exige racionalidade.
Com essas atitudes, a criança começa a assimilar que existem
categorias do tipo “querer e precisar”, “caro e barato”, sobre as quais
refletimos antes de consumir. Outra dica é apresentar as moedas e depois
as cédulas, mostrar os desenhos, os itens de segurança, explicar que
não se pode rasgar ou molhar.
Semanada e mesada
Apesar de ser um excelente método de educação financeira, os pais que
decidem dar mesada devem saber que essa tarefa dá trabalho. Exige o
cumprimento de regras e prazos, além de muito sangue-frio.
O objetivo é que a criança consiga distribuir seu dinheiro dentro de um determinado período de tempo, controlando quando e com o que vai gastar. A mesada não pode ser instrumento de premiação por boas notas, status ante os coleguinhas, e muito menos castigo, quando os pais decidem punir a criança suspendendo a entrega por um tempo.
A data de recebimento também deve ser cumprida rigorosamente: os pais
devem lembrar que a intenção é fazer com que os filhos aprendam a se
organizar sozinhos. Atrasos e alterações na quantia inutilizam todo o
processo.
Valores
Quando a criança tem entre seis e dez anos, Cássia D’Aquino aconselha
que seja dada a semanada, para controlar melhor o dinheiro, e também o
impulso de gastar. Neste primeiro momento, a especialista sugere que a
criança ganhe um real por ano de vida, por semana. Se o pequeno tem seis
anos, recebe seis reais por semana.
A mesada pode ser aplicada a partir dos 11 anos, e o valor deve ser
discutido entre os pais. O ideal é que a quantia contemple a necessidade
real da criança: o excesso de dinheiro faz com que ela não se sinta
obrigada a planejar a distribuição durante o mês.
Se a mesada não cabe no orçamento familiar, o melhor é não dar nada. A
pouca quantidade também atrapalha a organização da criança durante o
mês, além de poder causar constrangimentos. “Fazer de conta que está
dando é um engano que só traz prejuízo a todos os envolvidos”, avisa
D’Aquino.
Poupança
A poupança é outro benefício que a instituição da mesada traz para a
educação financeira dos pequenos. Ela estimula a criança a encontrar
objetivos para esse dinheiro, e ainda ensina como suportar a espera. Até
os cinco anos, eles podem fazer “micropoupanças”, juntando dinheiro por
algumas semanas para comprar um brinquedo barato, ou qualquer coisa de
baixo valor.
Quando estão um pouco mais velhos, depois dos 11 anos, os pais podem
incentivar a poupança de uma parte da mesada por mês. O mais importante é
o estímulo à capacidade de esperar, e à possibilidade de fazer escolhas
com o dinheiro guardado.
Por mais difícil que seja para os pais, deixar os
filhos livres para gastar o que recebem também é um excelente exercício
de educação financeira. Depois de “falirem” algumas vezes, vão aprender
que o controle é essencial para quem não quer chegar ao final do mês sem
nada. No treino dessas escolhas financeiras é que as crianças vão poder
cometer erros e se arrepender destes erros.
Desse modo, ao chegarem à
vida adulta, vão ter mais sabedoria e responsabilidade nas escolhas
financeiras.
Fonte: Banco Central
Em relação à mesada, sempre adotei a tática de dar R$ 1,00 por ano de idade. Assim, meu filho de 7 anos recebe uma mesada de R$ 7,00 por mês. Não é muito, mais ele vai exercitar valores acerca de como manipular o dinheiro e de responsabilidade. Parabéns pela matéria, sou leitor assíduo deste blog.
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